19 outubro 2006

Falando de morte!

Hoje cedo minha empregada veio com um assunto do tipo: já sabe quem morreu? Continuo sem saber quem é, porque enquanto ela falava eu prestava atenção na TV (que maldade!). E daí ela falou uma coisa que despertou minha atenção. "A morte é cruel." De repente, vi-me cheia de pensamentos sobre a morte. Tentarei me explicar.
Não sei lidar com a morte, já escrevi isso aqui. Com a morte dos outros. Quando penso na minha prórpria morte, não tenho medo. Não vejo a morte como um fim, acredito nas teorias espíritas. O medo que não tenho de morrer, no entanto, se apresenta em dobro ao pensar na morte das pessoas que eu amo. Como diria Vinicius, "E assim quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive". Isso me assusta, e tenho vontade de chorar só em pensar em viver sem alguém que faz parte do meu convívio.
É isso que me apavora na morte. A impossibilidade do retorno, é o fato de estarmos fadados à saudade, é a obrigatoriedade do afastamento e do intocável. Talvez meu medo se dê por conta da minha imensa dependência dos outros. E me assusto quando me pego pensando como seria minha vida sem determinadas pessoas. Nesse sentido, concordo quando minha empregada diz que a morte é cruel.
Por outro lado, fiquei pensando no alívio em que a morte representa pra algumas pessoas. Sim! A meu ver, mais cruel do que a morte é a vida. Tenho mais medo dos vivos do que dos mortos (clichê isso, né?). As pessoas me assustam, a frieza humana é que me apavora de verdade. Ver gente sobrevivendo com tão pouco, ver gente morrer de frio e fome, ver crianças sendo prostituídas, saber que tem gente que rouba tanto de quem pouco pode dar e mesmo assim dorme tranquilamente, enquanto essa gente que pouco tem, mal dorme. Isso sim é cruel. É disso que tenho mais medo, da minha falta de esperança na humanidade, da minha descrença nesses animais que chamamos de gente, da minha ausência de utopias e desse mundo que não me mostra um caminho de volta.
Não seria a morte, nesses casos, como um bálsamo? Acho que de certa forma, a morte dignifica a vida. Radical isso! Mas é verdade... Se a morte é o destino certo de todos os homens, só ela nos faz realmente iguais...
Consegui me fazer entender?
ok, existe Deus! Mas as pessoas acreditam em Deus de várias formas, isso quando realmente acreditam, isso é questão para um outro dia.

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