20 agosto 2006

O amor emburrece

Pra quem não sabe, eu escrevo uma coluna para um jornal aqui em São José, o Jornal de Barreiros.
Vou colocar meus textos aqui no blog também, para quem se interessar!



O amor emburrece


Há quem diga que o amor é brega. Eu concordo, em parte. Alguém já disse que se Roberto Carlos não fosse brega, não faria tanto sucesso. E pensando bem, falar da breguice do amor é algo que convém. De certa forma, é isso que faz com que queiramos tanto ser amados. Nos encantamos com coisas pequenas, que normalmente não têm sentido.
Ao meu ver, no entanto, amar é, antes de tudo, emburrecer. O amor é burro, com direito a quatro patas e orelhinhas. Acho um erro dizer que o amor é cego. Mentira. O amor enxerga muito bem, mas tem visão seletiva: só se permite ver – e ouvir, falar e sentir - o que bem entender.
Eu explico melhor. Basta pensarmos nos defeitos que fingimos não incomodar, as ofensas que fazemos de conta que não escutamos, as atitudes inconsequentes que acabamos por disfarçar. Por outro lado, basta uma única frase, um e-mail ou uma bomba de chocolate para nos vermos de novo completamente apaixonados.
Sim, o amor é burro. Já pensava isso há bastante tempo – na verdade, tive influência de uma amiga que sempre dizia: “o amor é lindo, pena que emburrece”. Depois, soube que pesquisas científicas comprovaram isso. Parece que temos uma tendência natural para fazermos coisas tolas quando amamos. Eu, como toda boa sagitariana, gosto de exagerar.
Eis a minha conclusão. O amor é brega e burro. Talvez brega por ser burro. E até acho que não é uma coisa ruim. Se fossêmos espertos em tempo integral, quem sabe, não teríamos histórias para contar. E não víssemos a beleza da vida nem gostássemos de Roberto Carlos. Porque, burro ou não, e breguices à parte, o amor é sempre lindo.


Jully Fernandes®
Agosto/2006

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